O SR. CLAUDIO CAJADO (Bloco/PP – BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que o Deputado Pedro Paulo disse é exatamente o que eu penso. Se possível, peço que conste na ata que eu subscrevo integralmente a fala do Deputado Pedro Paulo, que é especialista na área de economia, na área de orçamento, e tem experiência prática, além de teórica. Eu, pessoalmente, estudei a fundo a matéria. Inclusive, quero agradecer ao Wagner, Consultor-Geral, e também a toda a equipe da Comissão de Orçamento que esteve ao meu lado, o que me permitiu formular o relatório, que não é apenas da minha lavra, é da lavra de um conjunto de cabeças pensantes extremamente preparadas. Quero dizer que deixar de fora do arcabouço fiscal uma área temática, por mais meritória que seja, vai causar duas consequências duas consequências. Primeiro, será injusto com quem fica dentro. Por que deixar fora do teto ou do conjunto de gastos a ciência e tecnologia e não deixar o Bolsa Família? É injusto deixar fora a ciência e tecnologia e não deixar fora a saúde pública, Deputado Lindbergh. Isso é injusto com a saúde pública. E a segunda consequência é pior, porque não ajuda no crescimento do conjunto da despesa acima da inflação, para o que as áreas que estão dentro do arcabouço ou do teto estarão colaborando. Eu tinha uma ideia, uma opinião pessoal. Se fosse por meritocracia, eu teria retirado o Bolsa Família; eu teria tirado a saúde; eu teria tirado o fundo da Aeronáutica, que está construindo o Gripen, um caça importantíssimo não para a guerra, como muitos disseram, mas para o poder dissuasivo de que o Brasil precisa como Nação soberana, para fiscalizar e proteger as nossas fronteiras, para termos uma indústria de defesa com tecnologia de ponta, porque poucos países no mundo têm um caça supersônico. Eu recebi a visita do Comandante da Marinha, que, com o fundo da Marinha, está construindo um submarino nuclear e submarinos convencionais o Brasil tem uma costa continental com riquezas como o pré-sal, e nós não temos um submarino para proteger as nossas riquezas , de forma a agregar tecnologia para a indústria de defesa nacional, com repercussão no futuro para a área civil, como sempre acontece. Quem usa a Internet deveria saber que essa era uma tecnologia militar que depois veio a beneficiar a humanidade e todos os civis. Quem usa o Waze para locomoção, deveria saber que era uma tecnologia militar que veio depois a beneficiar a população civil. Essas áreas não ficaram fora do conjunto das despesas, porque, se eu fosse considerar meritocraticamente uma ou outra área, eu seria injusto com as demais. Cada um tem a sua opinião e faz a sua opção. Eu respeito quem defende a ciência e tecnologia, porque eu também a defendo. Falei com a Ministra e expliquei a ela as razões pelas quais tanto essa área como as demais áreas não poderiam ficar fora do conjunto da despesas, até porque, técnica e conceitualmente, despesa é despesa, gasto é gasto. Não faz diferença gastar em uma área ou em outra. Todas essas áreas terão impacto no resultado primário. E a finalidade do regime fiscal, ou arcabouço fiscal, é trazer controle, disciplina para os gastos públicos. É óbvio que o orçamento é um só. Não existe no Brasil um orçamento que seja diferente. Há apenas uma única lei de orçamento, a Lei Orçamentária Anual. E o Governo tem que saber priorizar as áreas mais sensíveis, como educação, saúde, ciência e tecnologia. Por isso, retirar do arcabouço uma área e não retirar outra é injusto, prejudica o conjunto da regra fiscal e não terá nenhum impacto, porque os recursos poderão ser contingenciados, estando dentro ou fora do conjunto de despesas ou do teto. Se pode ser contingenciado, qual o motivo de estar fora do arcabouço? Presidente, para não me alongar muito, concluo dizendo que, através de um acordo e aqui registro que todos os Líderes partidários participaram dele, todos; e mais uma vez cito o Líder do Governo, o Deputado José Guimarães , para o qual nós nos sentamos à mesa, o Governo cedeu na emenda para a qual tinha, prioritariamente, colocado o esforço do Governo, a da despesa condicionada, para que fizéssemos esse acordo e retirássemos do arcabouço apenas o FUNDEB e o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Portanto, reconhecendo o valor, o mérito, a importância da área da ciência e tecnologia, quero dizer que não podemos ser injustos com a saúde, com o Bolsa Família ou com outras áreas tão importantes quanto essa. Por isso, eu peço que mantenhamos o texto que votamos e não aceitemos o destaque.