O SR. KIM KATAGUIRI (Bloco/UNIÃO – SP. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Deputados, na legislatura passada, votamos aumento para o Presidente da República, votamos aumento para o Ministério Público, votamos aumento para o Supremo Tribunal Federal, votamos aumento para os Deputados e os Senadores fui contra e inclusive faço a doação desse aumento no meu salário, todos os meses. Então, faço questão de dizer que eu também voto contra este aumento de salário para os servidores públicos federais. Voto contra porque a desigualdade no nosso País não está só entre setor público e setor privado, a desigualdade em nosso País está também dentro do próprio setor público, se comparadas as suas instâncias. O servidor público federal ganha, em média, o dobro do que recebe o servidor público municipal, para exercer as mesmas funções. Por isso o meu voto é contra. O servidor que está na ponta, mais próximo do cidadão, no Município, não merece receber menos do que o servidor público federal só porque o servidor público federal está vinculado à União e não ao Município. Na cidade de São Paulo, para cada 11 reais que o cidadão paulistano paga de imposto, só 1 real volta da União, ou seja, o paulistano trabalha, produz, paga os seus impostos e recebe uma mixaria em retorno do poder público para o pagamento do salário dos seus próprios servidores. Deveríamos valorizar quem de fato está na base, recebendo um salário mínimo, dois salários mínimos, o agente comunitário de saúde, o assistente social, quem está de fato combatendo a desigualdade na ponta, trabalhando no Município por saúde preventiva, por assistência social, para ajudar os mais pobres, e não o Governo brasileiro com uma máquina que tira dinheiro do mais pobre e passa para o mais rico. Hoje, mais da metade das famílias brasileiras sobrevive com menos de 400 reais per capita. É essa metade da população que paga o salário do servidor público federal, que ganha mais do dobro do que ganha o servidor público municipal. Votar “sim” é votar pelo aumento da desigualdade. Votar “sim” é votar para que o mais pobre, que tem renda familiar per capita de 400 reais por mês, continue pagando mais caro o tributo sobre consumo para custear os salários de Brasília, da União, para pagar os salários dos Deputados, dos Senadores, para pagar o salário dos servidores públicos federais, esses que, durante os governos petistas, mais tiveram aumento. Essa política se mantém. Enquanto os servidores municipais estão numa situação absolutamente sucateada, largados, sem condições de trabalhar, o servidor público federal, Governo após Governo, consegue aumentos acima do que conseguem os outros servidores, inclusive os estaduais. Por isso, Presidente, o meu voto é “não”.