Discurso Parlamentar - 25/04/2023

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Comemoração do Dia do Maçom.

O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS – MG. Para discursar. Sem revisão do orador.) – Meus cumprimentos ao Sr. Presidente e requerente desta sessão, o eminente Senador Izalci Lucas; ao eminente Senador e ex-Vice-Presidente da República Hamilton Mourão, também requerente desta sessão; ao prezado amigo e eminente Deputado Federal General Girão, também requerente desta sessão. Cumprimento também o Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil, o Sapientíssimo Irmão Adalberto Aluízio; o Secretário-Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, o Eminente Irmão Edilson de Oliveira; o Grão-Mestre Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, o Sereníssimo Irmão Cristian Adrian; o Grão-Mestre do Distrito Federal, o amigo Marcos Noronha; e as demais autoridades maçônicas aqui presentes. Eu não tenho a gravata preta. Nosso eminente amigo Deputado General Girão perguntou: “Trabalha nessa pedra bruta?”. Ainda não. Justo e perfeito. Goteiras! (Risos.) Eu sou um homem da história. Eu sou um homem estudioso da história, gosto muito da história. E é como memorialista que venho aqui prestigiar esta sessão, em homenagem aos prezados amigos que a convocaram. Quero fazer aqui um pequeno e muito breve panorama histórico da maçonaria no Brasil. De maneira muito sucinta, a maçonaria se inicia efetivamente no Brasil no finzinho do século XVIII, por volta de 1795 ou 1798, com o Areópago de Itambé, em Pernambuco; a Cavaleiros da Luz, em Salvador, na Bahia; e, logo depois, a Loja União, no Rio de Janeiro. Isso ocorreu no finzinho de 1700. Em 1808, D. João VI vem ao Brasil, e começam a ser difundidas mais lojas aqui no Brasil: no Rio de Janeiro; em Pernambuco, que era um Estado importante; em Salvador, na Bahia, talvez o Estado mais importante da época. Há indícios de que havia loja também em Minas Gerais. Agora, o que eu quero trazer aqui é um fato interessante e curioso que a história registra muito pouco. Hipólito da Costa, que morava em Londres, criou naquela cidade uma loja, composta principalmente de brasileiros, que se chamava Luzitania, em 1811. Aqui no Brasil, já existiam o Areópago de Itambé, a Cavaleiros da Luz, a União, e dessas se desdobraram outras lojas — isso ocorreu no começo do século XIX, já em 1810. Em Niterói, foi criada a Distintiva por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, em 1811. Essas lojas já se comunicavam. Mas este é o fato interessante que eu quero trazer aqui: a história registra, em algumas correspondências, uma menção, em 1813, do Grande Oriente do Brasil, criado na Bahia, em Salvador, que teria resultado da união dessas lojas que existiam em Pernambuco e na Bahia, principalmente, porque, da Cavaleiros da Luz, surgiram mais quatro, cinco ou seis lojas ao longo do tempo e, do Areópago de Itambé, também surgiram mais quatro, cinco ou seis lojas em Recife. Foram elas as principais causadoras da Revolução de 1817. Então, há alguns registros do Grande Oriente do Brasil em 1813, antes da Independência de 1822. Mas tratava-se de algumas correspondências, nada muito concreto. E essas correspondências sempre tratavam de um livro, na verdade, de três livrinhos, que compunham o Compêndio das Instruções Maçônicas para uso do GOB. Algumas cartas dessa época citam esse compêndio. Ninguém nunca o tinha visto. Então, alguns historiadores duvidavam, outros desdenhavam: “Essa historia do Grande Oriente do Brasil de 1813 foi uma tentativa meio efêmera”. Mas um historiador moderno, atual, o Prof. Pablo, de uma universidade da Bahia, descobriu nos arquivos em Londres um original desse compêndio, em três volumes, que tinha sido impresso por Hipólito da Costa. Hipólito da Costa tinha fundado a Loja Luzitania em Londres, juntamente com Domingos Martins. Quem é Domingos Martins? É o principal líder da Revolução Pernambucana de 1817. Domingos Martins e Hipólito da Costa criam a Luzitania, e Domingos Martins é encarregado de trazer para o Brasil o compêndio para distribuir nas lojas da Bahia e de Pernambuco, já visando à Revolução de 1817, pela independência do Brasil, tanto que a Revolução de 1817 é toda planejada pela maçonaria. Todos os principais líderes — alguns foram fuzilados, outros foram presos — eram maçons, e todos eles eram egressos do Grande Oriente do Brasil de 1813. A Revolução Pernambucana ocorre em 1817. Nessa data, proclamou-se a República Pernambucana. Dizem que o Conde dos Arcos, que era o Governador da Bahia, estava envolvido na revolução e também era iniciado, mas, quando a revolução estourou em Pernambuco, para fazer média com o Imperador D. João VI, ele exerceu pressão e mandou o Exército ir prender os principais líderes do movimento. Foi ele que organizou toda a repressão à Revolução de 1817. Aí, em 1817, D. João VI proíbe a maçonaria no Brasil e extingue o Grande Oriente. O Grão-Mestre do Grande Oriente era Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, mas em 1817 a loja foi extinta. A maçonaria cai, então, na clandestinidade. Como D. João VI proíbe a maçonaria no Brasil, as lojas todas passam a se esconder. Continuam existindo, mas de maneira secreta, de maneira clandestina, até que, no início de 1822, em função da Revolução do Porto, que tinha acontecido em 1821 lá em Portugal para exigir a volta de D. João VI àquele país, D. João VI volta para Portugal, e a maçonaria emerge de novo no Brasil, aí já fora da clandestinidade. José Bonifácio cria, então, o Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, no início de junho. Ele tinha lá diferenças com o grupo de Gonçalves Ledo e Clemente Pereira. Imediatamente, eles criam o Grande Oriente do Brasil. Mas, como José Bonifácio era um homem ligado ao Imperador, que estava comandando naquele momento o processo de independência, eles o convidaram para ser o Grão-Mestre. Mas, no fundo, quem dominava era o grupo de Ledo e Clemente. José Bonifácio era meio como a Rainha da Inglaterra. Foi o primeiro Grão-Mestre, mas não era quem comandava. José Bonifácio tinha o foco lá na maçonaria que ele tinha criado, que era o Apostolado, e D. Pedro I era membro das duas. Próximo ao 7 de Setembro, ocorre o principal embate do grupo de Ledo e Clemente Pereira com José Bonifácio. O grupo de José Bonifácio acaba vencendo essa luta interna. D. Pedro, então, fecha o Grande Oriente em outubro de 1822, por inspiração de José Bonifácio, como consequência da rixa de José Bonifácio com o grupo de Ledo. Mas, em 1823, D. Pedro briga com os Andradas e fecha o Apostolado também. De novo, a maçonaria cai na clandestinidade. Somente em 1831, quando D. Pedro I abdica do trono, renasce o Grande Oriente do Brasil. Eles convidam, então, José Bonifácio para ser, de fato e de direito, o Grão-Mestre. Ele fica 5 anos ou 6 anos como Grão-Mestre e articula a formação institucional do Grande Oriente por todo o Brasil. Vou terminar, porque não quero cansar os senhores, mas, antes, vou contar uma curiosidade. A maçonaria entrou na clandestinidade; D. Pedro fechou o Grande Oriente e o Apostolado. Não havia maçonaria mais. Mas, em 1829, chega ao Brasil Jê Acaiaba de Montezuma, com a carta patente para a criação de uma loja. Ele, junto com Antônio Carlos, irmão de José Bonifácio, cria o Supremo Conselho do Grau 33, com a carta da Bélgica. Depois, Antônio Carlos sucede Acaiaba, em 1833 ou 1834, no Supremo Conselho do Grau 33. A curiosidade é que o Antônio Carlos era — não sei o nome — o Sereníssimo, a figura principal do Supremo Conselho, e José Bonifácio virou Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Os dois eram irmãos. Só quero trazer esta curiosidade: Antônio Carlos, embora pouco recordado, tinha uma veia maçônica muito maior até do que a do próprio José Bonifácio, tanto que tinha sido Grão-Mestre em 1813. Ele cria o Supremo Conselho, em 1829, e passa a presidi-lo em 1833. Vou contar mais um fato, para encerrar esta minha fala de homenagem ao Dia do Maçom. Antônio Carlos, em 1833, representou o Brasil em um congresso mundial do Supremo Conselho do Grau 33, em Paris, que era para uniformizar ritos, alguma coisa assim. Antônio Carlos foi o representante do Brasil. Isso aconteceu em Paris, e havia representantes do mundo inteiro. Foi feito um manifesto, do qual tenho a cópia. Quem assina o manifesto são os representantes de todos os países. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada assina pelo Brasil, e o representante da França — só quero trazer esta última curiosidade — era o General Lafayette. O General Lafayette, que tinha sido herói na Revolução Francesa, já estava velhinho nessa época. A Revolução Francesa foi em 1789. Ele tinha sido herói na Revolução Francesa, ao lado de Napoleão. Participou de grandes lutas ao lado de Napoleão. Quando houve a Independência dos Estados Unidos, a França estava em guerra com a Inglaterra. A França, então, manda para os Estados Unidos tropas e um general, o General Lafayette, para ajudar na Guerra de Independência dos Estados Unidos contra a Inglaterra. A França mandou tropas, e o General Lafayette foi para os Estados Unidos comandar as tropas francesas. O General Lafayette e George Washington são os dois grandes heróis da independência americana. Lafayette é herói de dois mundos, eles falam: é herói da Revolução Francesa e herói da independência dos Estados Unidos. E ele, herói da independência dos Estados Unidos, assina esse manifesto de 1833, juntamente com Antônio Carlos, um dos heróis da Independência do Brasil. São os heróis da independência nas Américas. Meus amigos, para concluir esta minha fala, não querendo me alongar, parabenizo-os por todo o trabalho que a maçonaria fez e continua fazendo pelo Brasil. A maçonaria, efetivamente, esteve presente nos principais momentos de crise, nos momentos históricos, nos momentos de decisões importantes da história do Brasil. A presença maçônica é sempre muito relevante em movimentos como a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates, na Bahia, a Revolução Pernambucana de 1817, a Independência do Brasil e tantos outros que vieram pela frente. Até hoje, a maçonaria é, efetivamente, uma instituição presente, que traz o seu conhecimento e as suas luzes para o desenvolvimento do Brasil. Nesta manhã de agosto, eu saúdo todos os irmãos maçons, em homenagem a este dia, e parabenizo o eminente Senador Izalci, o Senador Mourão e o Deputado Girão por terem convocado esta comemoração aqui no Congresso Nacional. Parabéns a todos os senhores. Viva a maçonaria! Muito obrigado a todos.

Tags: Sessão solene, Dia do Maçom, Homenagem

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