Olá! É um prazer estar aqui com você mais uma vez! E hoje eu gostaria de começar fazendo uma pergunta básica: você cuida do que é seu?
Bom, eu, particularmente, cuido do que é meu, daquilo que vem do meu esforço diário, fruto do meu trabalho e da minha dedicação. Parece uma pergunta lógica e que só poderia ter essa resposta, não é? Eu sei.
Indo um pouco além, se você fosse dono de uma empresa (ou se é, pois, pode ser o seu caso), gostaria de obter lucro, correto? Gostaria que o seu negócio fosse administrado por pessoas competentes, capacitadas e, principalmente, honestas e que não te roubassem ou desviassem o seu dinheiro? “Ora, Marcus, claro e evidente que sim!”, você deve estar pensando. Confesso que essas perguntas são muito banais e de respostas óbvias.
E se eu te dissesse que você, independentemente de ser um empresário ou de ter o seu negócio próprio, mesmo que pequeno, também é sócio de várias “empresas” e que o seu dinheiro é diariamente “aplicado” nessas “empresas”, mas pode ser o caso de nem se dar conta disso, ou até mesmo, achar que não é bem assim. Só para exemplificar, quando você compra qualquer item no mercado perto da sua casa, já está “aportando” recursos nessas “empresas”.
E se eu te dissesse que, talvez, você não seja tão cuidadoso com o seu dinheiro aplicado nessas “empresas”, que nem se preocupe se os seus funcionários sejam capacitados, competentes e, acima de tudo, honestos? Você ficaria surpreso?
Então, vamos lá! Você é sócio de várias empresas, grandes, médias e pequenas. Você aplica compulsoriamente (isso mesmo, de forma obrigatória) o seu dinheiro conquistado com o suor do seu trabalho e dos seus esforços diários nessas “empresas” e, na maioria das vezes, é negligente com quem está cuidando do seu “negócio”.
Você inúmeras vezes é literalmente roubado, não obtém os “lucros” que deveria receber por meio de serviços públicos minimamente satisfatórios, como segurança, saúde e educação. E muitas das vezes acaba aceitando pagar “taxa extra”, “por fora”, pelos mesmos serviços que lhe são devidos, quando, por exemplo, contrata um plano de saúde caríssimo, um seguro de carro absurdo, ou uma escola particular caríssima para os seus filhos. E tudo isso para ter o que já lhe seria devido legalmente e constitucionalmente.
Um absurdo completo, não acha? Bom, eu acho, pois seria uma completa loucura eu ter aquele pensamento quando se trata de uma empresa particular e não ter essa mesma lógica de pensamento quando estamos falando dos inúmeros “negócios” que consomem o meu dinheiro diariamente.
Eu estou fazendo referência, por óbvio, ao dinheiro dos seus impostos que são pagos e gerenciados pelos mais de 5.500 municípios, todos os Estados e a União e seus órgãos públicos. Você é sócio disso tudo e, historicamente, as suas “empresas” não te entregam resultados mínimos e compatíveis com as suas aplicações. Já parou para pensar nisso?
E, indo além, por qual motivo você aceita ter maus administradores nas suas “empresas”? Isso, na minha humilde opinião, beira à insanidade. Ou seja, a grande maioria da população aceita trabalhar duro diariamente, ir para os seus trabalhos utilizando transportes públicos ineficientes, se submeter à insegurança nas ruas, pagar altos impostos 24h/dia e, de forma totalmente desconexa com qualquer pensamento mínimo coerente, aceita não ter o retorno desse esforço?
Há caminhos para mudar isso e, primeiramente, eles passam pela conscientização. Primeiro, é preciso formar essa consciência da realidade, acordar para a vida literalmente, parar de ser inocente. Esse é o primeiro passo e o mais importante: a mudança de mentalidade.
Também é preciso não aceitar mais que os “administradores” das suas empresas sejam pessoas sem a menor capacitação técnica para administrar seus negócios. Se você não daria emprego para qualquer um cuidar de sua empresa particular, por razões simplesmente políticas, por qual motivo você aceita rotineiramente, de 2 em 2 anos, empregar pessoas sem o mínimo necessário e exigível para ditar os rumos da sua vida, de seus filhos e de sua família? Isso não tem a menor lógica e é preciso abrir os olhos para isso o mais rápido possível e passar a eleger pessoas mais capacitadas tecnicamente para essas funções.
Não estou dizendo que devemos segregar e retroceder na democracia, limitando o acesso aos cargos públicos a pequenos grupos. Não se trata disso e deixo logo claro, apesar de toda a transparência até aqui. O que estou dizendo é que os escolhidos devem ser os mais capacitados para gerir o fruto do seu esforço diário, do seu trabalho. É bastante simples. A própria Administração Pública age assim quando realiza as suas compras e isso está na lei, logo no início do art. 3º, da ainda em vigor Lei nº 8.666/1993:
[…]
“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração (…) (grifo meu)
[…]
Repare que a própria Administração escolhe o que é mais vantajoso para si, e não o que é necessariamente o mais barato. Será que você não poderia escolher o mais vantajoso para si também, ao invés de qualquer “coisa”?
É preciso pesquisar mais sobre em quem você vota. Não é coerente colocar a raposa para tomar conta do seu galinheiro. Isso foge ao mínimo aceitável de coerência e de inteligência. E não é necessário muito esforço para entender isso.
Eu poderia citar vários exemplos de países que respeitam suas populações nesse contexto. Mas vou me limitar aqui a um pequeno grupo que serve de exemplo para quem praticamente nada tem diante do que entrega: os países nórdicos. A Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Finlândia e a Islândia são países que dão aos seus cidadãos, por meio do Estado, por exemplo, saúde e educação de altíssima qualidade e mediante contribuições (tributos) altíssimas. Repare que lá as pessoas pagam altos impostos, mas com uma diferença básica: elas desfrutam de retorno em níveis de excelência, muito ao contrário daqui, onde você paga muito caro e, praticamente, nada tem. Esses países possuem índices econômicos, sociais e ambientais de altíssimo nível. Não vou nem comparar, pois, como brasileiro, sinto vergonha.
Por fim, deixo uma reflexão. Por qual motivo, nós, brasileiros, aceitamos tudo isso e não fazemos o que tem que ser feito para termos melhores condições de vida? Por qual motivo não passamos a eleger pessoas que verdadeiramente merecem estar ocupando os postos de comando com competência e preparação para tal tarefa? Por qual razão aceitamos ser o que somos, sendo que temos capacidade e potencial para sermos um dos melhores países do mundo? Por que será? Você não merece? Pense nisso!
Até a próxima!
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