Declarações fiscais mostram expansão patrimonial incompatível com renda declarada; investigado nega irregularidades.
Nas investigações sobre o esquema de fraudes no INSS, chama atenção um dado alarmante: o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, afirmou que seu patrimônio saltou de aproximadamente R$ 159 mil em 2020 para R$ 9,5 milhões em 2024.
Essa elevação meteórica, documentada em informações da Receita Federal fornecidas à CPMI do INSS, reforça as suspeitas de movimentações financeiras suspeitas e divergentes em relação à renda declarada no Imposto de Renda.
Evolução patrimonial segundo documentos fiscais
- Em 2021, Antunes declarou apenas um imóvel no Distrito Federal avaliado em cerca de R$ 86 mil e participação societária na Acca Consultoria no valor de R$ 72 mil.
- No ano seguinte, o imóvel foi reavaliado para cerca de R$ 500 mil, e ele incluiu participação numa nova empresa — cerca de R$ 30 mil no capital social.
- Em 2023, o salto foi brusco: o empresário declarou R$ 2,4 milhões depositados em conta corrente, além de R$ 2,5 milhões em espécie, somando ainda participações societárias que geraram receitas expressivas.
- Para 2024, o patrimônio permaneceu alto: ele relatou ter tomado empréstimos junto a empresas ligadas a ele e registrado aquisições de imóveis e veículos de alto valor.
Esses dados são contrapostos às alegações de que ele tinha renda mensal modesta e atividades empresariais consideradas “regulares”.
Investigado nega participação e responsabiliza associações
Ouvido pela CPMI do INSS, Antunes afirmou que não atuou diretamente nos descontos irregulares e que sua atuação se limitou à venda de um sistema de serviços a entidades de aposentados (descontos em farmácias, seguros etc.). Ele disse que não acessava o sistema do INSS nem recrutava associados.
Sobre o crescimento patrimonial, ele declarou que parte dos valores decorreu de “empréstimos” entre suas empresas, e que eventuais irregularidades seriam responsabilidade das associações contratantes.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, criticou a explicação e destacou o aumento de R$ 14 milhões em patrimônio em menos de três meses de 2024 como inconsistente com a tese da defesa.
Movimentações imobiliárias suspeitas
Além dos saltos declaratórios, investigações apontam compras de imóveis com pagamento à vista e financiamento quitado antecipadamente. Por exemplo, em 2024, teria sido adquirida uma casa no Lago Sul (DF) por valor milionário, bem como um prédio comercial por cerca de R$ 4 milhões à vista — valores muito superiores aos registrados como renda ou patrimônio anterior.
Especialistas ouvidos pela imprensa afirmam que essas operações levantam indícios de lavagem de dinheiro e “justificativa artificial” de recursos.
Riscos jurídicos e repercussão política
O salto patrimonial do “Careca do INSS” intensifica os questionamentos sobre sua inserção no esquema de fraudes que atingiu aposentados em todo o país.
Se comprovadas irregularidades, pode haver responsabilizações civis, penais e bloqueio de bens.
Além disso, a trajetória controversa dele traz pressão política sobre a CPMI e sobre poderosos que eventualmente estariam ligados ao esquema.
Em resumo
- O patrimônio declarado por Antunes saltou de ~R$ 159 mil para ~R$ 9,5 milhões em quatro anos.
- O aumento repentino supera justificativas plausíveis de ganhos empresariais.
- Ele nega envolvimento direto nos descontos fraudulentos, atribuindo responsabilidade a associações.
- Investigações apontam aquisições imobiliárias suspeitas e operações financeiras entre empresas controladas por ele.
- O caso pode resultar em sanções judiciais e de bloqueio patrimonial.
Fontes consultadas: G1 / Globo, Câmara dos Deputados / site institucional, Agência Brasil, Varela Net, Farol da Bahia, Infomoney, relatórios da Receita Federal e imprensa política.












































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