Durante congresso do PCdoB, o presidente reafirma a autodeterminação dos povos e exalta a dignidade de Cuba, em discurso que reforça sua política externa independente.
Discurso firme em defesa da soberania
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta quinta-feira (16) na abertura do 16º Congresso do PCdoB, em Brasília, e fez uma enfática defesa da soberania de Venezuela e Cuba, criticando o que chamou de “palpites” e pressões de potências estrangeiras sobre países latino-americanos.
“O Brasil nunca será a Venezuela, e a Venezuela nunca será o Brasil. Cada povo tem o direito de decidir o seu destino, sem interferência de fora”, afirmou Lula.
O evento reuniu lideranças históricas da esquerda, como Luciana Santos e Flávio Dino, e buscou projetar uma unidade simbólica entre os partidos da base aliada.
Cuba e a narrativa da dignidade
Lula dedicou parte do discurso a defender o povo cubano, contrapondo-se a visões que associam a ilha a regimes autoritários.
“Cuba não é exportadora de terroristas. É um país digno, que enfrentou décadas de bloqueio e nunca se curvou”, declarou.
O presidente reforçou que o Brasil deve adotar uma política externa autônoma e solidária, sem repetir alinhamentos automáticos com blocos internacionais.
Ele criticou o que classificou como “preconceito ideológico” contra nações que resistem ao modelo econômico dominante.
Contexto internacional
As falas de Lula ocorrem em um momento de tensão entre Estados Unidos e Venezuela, após novas sanções impostas ao governo de Nicolás Maduro.
Nos bastidores diplomáticos, relatos apontam que Washington avalia medidas de pressão política e econômica sobre Caracas, o que reacendeu a reação de líderes da América Latina.
Em solidariedade, o governo brasileiro divulgou nota defendendo o princípio da autodeterminação dos povos, posicionamento que Lula reafirmou no congresso comunista.
“O Brasil defende a paz e o diálogo. Nenhum país deve decidir o que o outro deve ser.”
Autocrítica à esquerda
Em tom de reflexão, Lula também fez uma autocrítica sobre a comunicação dos partidos progressistas com a sociedade.
Segundo ele, a esquerda precisa “voltar a falar a língua do povo” para enfrentar a desinformação e o discurso simplificado da extrema direita.
“A direita aprendeu a falar com o povo de forma simples. Nós complicamos demais as palavras, e o povo se afasta.”
Lula reconheceu que temas como segurança, fé e família precisam ser debatidos sem tabu e com sensibilidade política — algo que o PCdoB também vem defendendo em sua nova estratégia de base.
Alinhamento histórico
O discurso de Lula também buscou relembrar a trajetória comum entre PT e PCdoB, reforçando a ideia de que ambos foram fundamentais na redemocratização e na defesa dos direitos sociais.
Ele destacou a necessidade de unidade entre os partidos de esquerda frente ao avanço do conservadorismo.
“A esquerda só voltará a crescer se andar de mãos dadas. Nenhum partido vence sozinho.”
Conclusão
A fala no Congresso do PCdoB reforça o papel de Lula como porta-voz de uma diplomacia soberana, que tenta equilibrar solidariedade ideológica e pragmatismo político.
Ao mesmo tempo, o presidente reposiciona a esquerda brasileira como força que busca reconectar-se ao povo, num momento em que as pressões externas e internas desafiam o discurso progressista na América Latina.
Fontes consultadas: Gazeta Brasil, InfoMoney, Brasil de Fato, Reuters, CNN Brasil, El País.













































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