A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que “a delicadeza do tema” do aborto exige a participação de toda a sociedade em uma discussão sobre mudar a lei. Mas disse que o governo vai atuar para garantir que a atual legislação seja cumprida.
– Nos casos em que existe a permissão ao aborto no Brasil [risco à vida da gestante, violência sexual e anencefalia fetal], faremos com que o SUS [Sistema Único de Saúde] garanta a lei e o acolhimento – disse a ministra de Lula em entrevista ao jornal O Globo.
– Nosso objetivo é discutir o tema com dados e garantir o que a lei já estabelece – frisou.
Nísia teceu elogios ao presidente pela sua demonstração de sensibilidade ao buscar “um número maior de mulheres nos ministérios”. O governo petista tem 37 ministros, 26 homens e 11 mulheres.
A ministra é a primeira mulher a assumir a Saúde e confessa preocupação com seu pioneirismo.
– Mostra a dificuldade de nós, mulheres, atingirmos cargos de direção. Precisamos ter formas eficazes de furar esse teto. A visão do governo atual significa uma guinada – destacou.
Nísia argumentou que as mulheres atravessaram grandes adversidades desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e por esta razão, quando são convidadas a assumir cargos de liderança, devem aceitar.
– Nós, que passamos por reveses tão grandes desde o impeachment da presidenta Dilma, uma vez chamados, devemos dar a nossa contribuição. (…) Foi por meio de políticas sociais que me formei, é uma retribuição. E claro que me sinto em condições para isso – disse.