O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) reafirmou que o seu vice de chapa na disputa pela Prefeitura de São Paulo será do Partido dos Trabalhadores (PT), após o jornalista Datena propor que ele “peite” a sigla e forme uma chapa com ele. Em entrevista ao Metrópoles, o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) destacou que não abrirá mão do acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
– Meu vice será do PT. Isso é parte do acordo firmado. Eu disse isso ao Datena em nossa conversa – declarou Boulos.
Ao ser questionado se conseguirá conquistar a “militância”, o parlamentar afirmou ter “muita confiança” de que a frente progressista caminhará em unidade.
– Eu tenho muita confiança de que nós vamos caminhar juntos numa frente progressista em São Paulo, com o PT, com o PCdoB, com o PV, com a Rede, que é federada com o PSOL. E eventualmente com o PDT, com o PSB, que hoje tem uma candidatura própria que eu respeito, mas acho que está no campo – ponderou.
Ao avaliar um provável cenário de polarização entre candidatos apoiados por Lula e Bolsonaro, Boulos afirmou que terá o “maior prazer” de enfrentar qualquer candidato do ex-presidente, especialmente se for o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ).
LULA E BOLSONARO
O psolista também analisou o cenário no Congresso atual, majoritariamente conservador, negando ver possibilidade de impeachment contra Lula.
– Não vejo risco nenhum, nenhum. Primeiro, porque eu acho que hoje muita gente consegue enxergar o caos institucional que o impeachment, o golpe parlamentar contra a Dilma, abriu no país. Depois disso o país entrou numa anomia constitucional. Ninguém quer repetir isso. Acho que até o PSDB e o PMDB hoje se arrependem – alegou.
Por outro lado, Boulos afirma enxergar indícios suficientes para que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja preso.
– Espero que ele [Bolsonaro] comece a responder pelos crimes que cometeu. Que ele vá para o banco dos réus responder pelas joias, pelos crimes que cometeu na pandemia, por todas as atitudes, inclusive a relação dele, dos filhos, da família, com rachadinha, com milícia do Rio de Janeiro. E pela utilização do aparato de Estado da Polícia Federal para encobrir isso. Espero que agora, no Brasil e não mais como presidente, ele seja responsabilizado – assinalou.
O parlamentar ainda saiu em defesa do presidente Lula em relação às falas com teor de vingança contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e a ilação de que o ex-juiz teria armado para fingir ser vítima do PCC (Primeiro Comando da Capital).
– Eu vi a imprensa demonizando o Lula depois dessa declaração e dizendo que o Lula está ressentido, que o Lula está rancoroso. Eu acho que as pessoas precisam ter o mínimo de capacidade de se colocar no lugar daquilo que o Lula sofreu nos últimos anos – defendeu.