O ministro da Justiça, Flávio Dino, admitiu que recebeu um aviso sobre os riscos dos ataques do 8 de janeiro. A fala de Dino ocorreu, nesta quarta-feira, 3, durante uma sessão da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
“Esse documento, sempre afirmei que recebei”, disse Dino. “Foi o único. Nada tem de sensacional nesse documento. Não há omissão.” Trata-de se um documento enviado pela Polícia Federal (PF) ao ministro um dia antes dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.
“O senhor afirmou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que não foi informado sobre os ataques do dia 8”, rebateu o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP). “Mas o senhor foi informado sim.”
Em 29 de março, Kataguiri divulgou o documento enviado pela PF. O ofício é assinado pelo delegado Andrei Augusto Passos de Rodrigues, diretor-geral da PF. Rodrigues alertou ao ministro sobre “ações hostis e danos” contra os prédios dos ministérios, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e, possivelmente, de outros órgãos, como o Tribunal Superior Eleitoral.
Cerca de duas horas depois de receber o documento da PF, Flávio Dino oficiou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pedindo somente o bloqueio da circulação de ônibus de turismo “nos perímetros entre a Torre de TV e a Praça dos Três Poderes”.
“Eu não poderia passar por cima do governador do DF”, disse o ministro. “Todas as providências que me cabiam foram tomadas. Diferentemente do que muitos pensam, não mando em todas as polícias do Brasil. Existe um ordenamento jurídico. O processo correto é encaminhar ao GDF. A minha atuação foi no momento cabível.”