Nomeado comandante do Exército pelo presidente Lula, o general Tomás Paiva revelou a missão que recebeu do petista ao assumir o cargo. “Meu objetivo é afastar a política da Força”, declarou o general, em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo 2. “Somos profissionais e temos de focar no nosso trabalho.” Paiva disse ainda que vai trabalhar para estabelecer uma “missão harmônica” entre os militares e o Palácio do Planalto.
A escolha de Lula
A convocação ocorreu para substituir Júlio Cesar de Arruda no comando-geral do Exército. O estopim para a mudança foi a resistência de Arruda em cancelar a designação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para o 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia (GO).
Paiva caiu nas graças de Lula depois de um evento realizado em janeiro para homenagear os soldados mortos na Missão de Paz que o Brasil liderou no Haiti. Paiva fez parte das operações. Durante o discurso, o militar defendeu o respeito ao resultado das eleições de outubro de 2022.
“Ser militar é ser profissional”, declarou, no evento. “É respeitar hierarquia e disciplina.” Paiva afirmou que as Forças Armadas têm o papel de ser uma instituição de Estado apolítica e apartidária. “Não interessa quem está no comando, vamos cumprir a missão do mesmo jeito”, prometeu. “Isso é ser militar. É não ter corrente. Não significa que o cara não pode ser um cidadão e ter sua opinião. Ele pode ter, mas ele não pode se manifestar.”
Nas Forças Armadas há 41 anos, Paiva serviu como ajudante de ordens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 1997 e de 1999 a 2000). A amizade entre os dois se manteve mesmo depois da saída do tucano do Palácio do Planalto. O ex-presidente teve forte influência na visão do general sobre as Forças Armadas.
Antes de ser nomeado ao posto máximo do Exército, Paiva dirigiu o Comando Militar do Sudeste, cuja sede fica na capital paulista.