Declaração foi feita em reunião do Conselhão, na terça-feira 12
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na terça-feira 12 que não vê problemas em endividar o país se isso fizer o Brasil crescer. Para o petista, a política de austeridade fiscal impede um “salto de qualidade”.
“Quando é que a gente vai tomar a decisão de dar o salto de qualidade? E aí é que entra a decisão política. Não é decisão de mercado. Não é apenas uma questão fiscal. É a gente discutir que país a gente quer para a próxima década. Se for necessário fazer um endividamento para fazer o país crescer, qual o problema? Qual o problema de você fazer uma dívida para produzir ativos produtivos para esse país?”, afirmou Lula.
A declaração foi dada aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, órgão criado em março e formado por simpatizantes do governo petista.
Petistas defendem gasto público e desprezam déficit
A fala de Lula se junta a de aliados petistas que, no último fim de semana, na Conferência Eleitoral do PT, escancaram o desprezo por uma meta fiscal e abertamente defenderam um possível déficit orçamentário para ganhar votos. O líder do PT na Câmara, José Guimarães, foi explícito: “Se tiver que fazer déficit, vamos fazer, ou a gente não ganha a eleição.”
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional da legenda, engrossou o coro petista contra o “austericídio fiscal” e assumiu publicamente a posição favorável ao gasto público. “O que tem de ser feito ano que vem: executar o Orçamento inteiro, não é um déficit que vai mudar [a situação do País]”.
“Nós temos o caminho das pedras. Nós temos que decidir agora se vamos retirar essas pedras ou vamos chegar à conclusão de que por um problema da Lei de Responsabilidade Fiscal, do superávit primário, por um problema disso, daquilo, de inflação, a gente não vai poder fazer, e vamos todos desanimar e voltar para a nossa vidinha que é: um ano ganha, um ano perde”, completou Lula, no discurso aos “conselheiros”.
Essas falas contrariam até mesmo a proposta fiscal do Ministério da Economia e o arcabouço fiscal, aprovado para substituir o teto de gastos, dispositivo veemente criticado por Lula e pelo PT desde a campanha.
Depois da fala de Gleisi, o ministro da Economia, Fernando Haddad, rebateu Gleisi. “Não é verdade que déficit faz crescer.” Ele citou a expansão dos gastos de 2009. “De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência. Não é assim que funciona a economia”, disse Haddad no sábado 8.
Fonte: Revista Oeste
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