Companhias foram criadas para participar de licitações em órgãos públicos
A Polícia Federal (PF) investiga um possível escândalo que envolve contratos de empresas fantasmas com o Exército brasileiro. As companhias, formadas por jovens de 20 e 21 anos, residentes no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, respectivamente, faturaram mais de R$ 18 milhões nos acordos com a Força — apenas no ano passado.
Segundo o site Metrópoles, essas empresas estariam envolvidas em quase 160 licitações. Elas são controladas por um empresário e por um contador, investigados pela PF por fraude em licitações em outros órgãos públicos.
Os contratos assinados com o Exército incluem o fornecimento de barracas, capacetes, cantis, coldres e outros equipamentos militares.
Sob anonimato, um ex-sócio confessou à Justiça o uso de “laranjas” e revelou que as empresas são criadas para participar de licitações ou simular concorrência. Ao Metrópoles, o ex-sócio disse que as companhias servem aos interesses de um empresário envolvido no “Mensalão”.
Os chamados “laranjas” — jargão usado na área policial — emprestam seu nome a alguém para o fim de ocultar bens de origem ilícita ou incerta.
Quem é o contador envolvido com o Exército
O contador responsável por abrir essas empresas é Luiz Romildo Mello. Ele possui um longo histórico de investigações e ao menos uma condenação por abrir empreendimentos em nome de laranjas.
Em junho, Romildo foi alvo da Operação Mobília de Ouro, que investigou o superfaturamento milionário e o uso de empresas ligadas a ele para fraudar licitações na Secretaria da Educação do Governo do Distrito Federal.
Empresas como Camaqua Comércio e Serviços, Duas Rainhas Comércio de Artigos Militares, Imperato Comércio de Artigos Militares e Nova Prata Confecções estão entre as vinculadas ao contador.
Alguns desses empreendimentos mantêm laços diretos com seu escritório de contabilidade, enquanto outras têm o contador listado como sócio ou em seu “nome fantasia”.
A empresa Duas Rainhas, por exemplo, tornou-se a principal fornecedora de bens materiais ao Exército, em um contrato substancial de R$ 9,2 milhões para o fornecimento de macacões.
Essas empresas haviam sido ativas em concorrências do Exército, algumas competiam entre si. Mesmo com o orçamento de R$ 53 bilhões do Comando do Exército, essas companhias tiveram contratos significativos, mas com uma baixa taxa de sucesso nas licitações.
Em nota, o Exército afirmou que os critérios de seleção de empresas seguem a Lei de Licitações e Contratos e enfatizou a legalidade e a impessoalidade dos processos. A Força apura os contratos mencionados.
Fonte: Revista Oeste
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