Magistrada foi investigada por criticar o Supremo
A juíza Ludmila Lins Grilo anunciou, nesta quarta-feira, 3, que está “exilada” nos Estados Unidos (EUA) há dois anos. A magistrada foi investigada por criticar o Supremo Tribunal Federal (STF).
A Justiça aposentou compulsoriamente. A razão foi a juíza haver opinado sobre denúncias sem provas de casos de estupro.
Banida pelo STF de redes sociais, como o Twitter/X, a juíza divulgou, em seu perfil no Locals, que manteve sua moradia nos EUA em segredo por mais de um ano porque precisava organizar alguns documentos. O Locals é uma rede social mais recente e menos conhecida, que promete preservar a liberdade de expressão.
“Esse foi meu segundo réveillon nos Estados Unidos da América, a terra da liberdade onde eu escolhi viver”, disse na publicação. “E que caridosamente me acolheu e me protegeu da ditadura que, miseravelmente, se instalou no meu país.”
Aposentadoria compulsória
Ludmila comentou o fato de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tê-la aposentado compulsoriamente do cargo de juíza no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG). Ela contou que documentou as acusações e as entregou às autoridades norte-americanas.
“Da mesma forma, narrei minuciosamente o desprezo que aqueles órgãos tiveram com a minha segurança física”, disse. “E como eles, maliciosamente, utilizaram-se da minha situação de risco pessoal para atacar a minha honra.”
A juíza também teceu críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Afirmou sofrer perseguição por parte do magistrado, mas que não tem medo de falar.
“Todo aquele perseguido por ditaduras que escolhe permanecer no país é obrigado a colocar o rabinho entre as pernas e se calar para se proteger”, enfatizou. “Não é o meu caso. Contem comigo. Que Deus salve nosso país desses tiranos de toga que tomaram de assalto nossa liberdade.”
Ludmila explica investigações
Em entrevista ao canal Bradock Show, no YouTube, em junho de 2023, Ludmila disse que foram três os motivos que incomodaram o STF e culminaram em sua aposentadoria compulsória. São eles:
- Uma palestra da magistrada no Itamaraty, em que alertou sobre a escalada autoritária do Supremo
Tribunal Federal; - Críticas da juíza à audiência de custódia;
- Suas discussões nas redes sociais.
Em fevereiro de 2023, o CNJ afastou a magistrada. O motivo seriam suas críticas ao inquérito do STF que apura supostas fake news.
Na época da decisão da Justiça, Ludmila afirmou que não se surpreendeu com a notícia. “A magistratura está em risco”, disse, em entrevista a Oeste. “Já foi ferida de morte. A maioria das associações não entrou no debate público para tratar dessas questões. Parecem estar do lado do STF. Hoje em dia, não temos mais certeza sobre qual decisão foi dada realmente por íntima convicção do juiz e qual foi proferida por medo do CNJ.”
O presidente do TJ-MG, José Pereira Filho, assinou a aposentadoria compulsória de Ludmila. No afastamento, consta a justificativa de “interesse público”.
A magistrada vai receber “proventos proporcionais ao tempo de contribuição”. Os valores, contudo, não estão abertos ao público.
O principal motivo da aposentadoria seria por Ludmila condenar, nas redes sociais, a fé cega da Justiça em denúncias sem provas em casos de estupro, lesão corporal e outros crimes contra mulheres. A juíza é contra condenações apenas com base no depoimento da vítima.
Fonte: Revista Oeste
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