O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi preso pela Polícia Federal nesta sexta-feira (13). A detenção ocorre no mesmo dia em que o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, também ligado ao ex-presidente, foi preso em Recife (PE). Ambos são alvos de apurações que investigam possíveis tentativas de obstrução de Justiça e violação de medidas judiciais.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Machado é suspeito de ter atuado junto ao consulado de Portugal, na capital pernambucana, para obter um passaporte português em nome de Mauro Cid. A suposta ação teria ocorrido em maio e, de acordo com os investigadores, o objetivo seria permitir que o militar deixasse o Brasil, mesmo sendo réu no chamado “inquérito do golpe”, que apura articulações contra o Estado democrático de Direito.
No pedido enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que, embora a emissão do passaporte não tenha sido concluída, há possibilidade de que Cid e seus aliados busquem outras alternativas diplomáticas com a mesma finalidade.
A situação do tenente-coronel se agravou após reportagem da revista Veja revelar que ele teria descumprido ordens impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Entre as medidas, estava a proibição de uso de redes sociais e de contato com outros investigados.
Durante interrogatório nesta semana, Cid negou ter utilizado perfis em redes sociais ou mantido celulares ativos. No entanto, a Veja publicou supostas conversas em que o militar teria usado uma conta com nome fictício — “Gabriela R” — para se comunicar com interlocutores próximos a Bolsonaro, transmitindo versões diferentes das apresentadas nos depoimentos oficiais.
As mensagens apontariam que o ex-ajudante de ordens repassou informações sigilosas sobre as audiências e sobre o conteúdo de sua colaboração premiada, contrariando os termos do acordo firmado com a Justiça.
Por ser réu colaborador, Mauro Cid está obrigado a prestar informações verdadeiras e a cumprir integralmente as determinações judiciais. O descumprimento pode levar à anulação do acordo de delação e à perda de eventuais benefícios legais.
As novas prisões indicam um avanço nas investigações envolvendo integrantes do entorno do ex-presidente Bolsonaro e elevam a tensão em torno dos desdobramentos judiciais relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e a outras frentes ligadas à antiga gestão.
Fonte: Gazeta Brasil
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