O atual coordenador do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Goiás, um cargo de indicação do governo Lula, é acusado de pelo menos dois casos de violência extrema no período em que era membro participante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
José Valdir Misnerovicz, ou Valdir do MST, como é conhecido, chegou a ficar preso e foi acusado de agressão e tortura a funcionários de uma fazenda e até mesmo de sequestro da filha de um integrantes do MST de Goiás que não obedeceu a uma ordem de invasão, segundo reportagem da revista Veja.
No Ministério comandado por Paulo Teixeira, Valdir do MST é encarregado de supervisionar o programa de assistência técnica ao financiamento de famílias assentadas dos projetos oficiais de reforma agrária. Sua nomeação gerou críticas dos produtores rurais, que tinham conhecimento da violência extrema do MST sob a liderança de Misnerovicz.
O caso mais recente é de 2016. O petista, que disputou uma vaga como deputado federal por Goiás em 2022, foi acusado de agredir e torturar funcionários de uma fazenda na cidade de Santa Helena de Goiás. Citando depoimentos prestados na época, a Veja informa que Misnerovicz liderou um grupo do MST que invadiu a propriedade.
Depois de mandar que os donos abandonassem as terras, confiscou máquinas e ergueu uma barricada de pneus ameaçando atear fogo na sede. Durante o ataque, um dos funcionários foi derrubado da cabine de um trator e ameaçado com um facão.
A cena descrita pela Veja é brutal: “Durante o ataque, um dos funcionários foi derrubado da cabine de um trator e ameaçado com um facão. ‘Nós vamos picar o Toninho’ [dono da fazenda], repetiam os invasores, enquanto empurravam o rapaz de um lado para o outro, esfregando a lâmina da arma em seu rosto.”
Os sem-terra também dispararam contra um funcionário da fazenda, que fugiu do local. Por esses fatos, Misnerovicz ficou preso durante cinco meses, informa a revista.
Ex-líder é acusado de violência contra integrante do MST
O primeiro caso, porém, aconteceu 15 anos antes, em 2001. O petista foi acusado pelos próprios sem-terra de agir com extrema violência. O coordenador financeiro do MST, Joviniano José Rodrigues, em depoimento à Polícia Federal, disse que, por ordem de Misnerovicz, teve sua casa derrubada a machadadas, sua esposa agredida e sua filha, de 1 ano, foi sequestrada.
Segundo ele, “mais de 200 pessoas cercaram e destruíram meu barraco, quebraram tudo que tinha lá dentro”. Também lhe confiscaram 200 galinhas e 80 sacas de milho. A criança foi devolvida tempos depois, com um dedo decepado.
Rodrigues também foi expulso do assentamento de Palmeiras de Goiás, o mesmo em que Valdir Misnerovicz morava junto com mais 400 famílias. E o motivo disso tudo: uma retaliação a Rodrigues por se recusar a invadir uma fazenda e confiscar 14 novilhas. Ele conhecia um dos funcionários e disse que não participaria do ataque.
Depois das denúncias, Joviniano Rodrigues foi reassentado em outra cidade e diz que até hoje vive com medo. “Fomos perseguidos por muito tempo por causa desse caso. Nos sugeriram até mesmo trocar as identidades”, disse à revista.
Valdir do MST foi condenado e recorreu
Segundo a revista, depois da denúncia de 2016, Misnerovicz foi indiciado pelos crimes de ameaça, usurpação, constrangimento ilegal, sequestro, cárcere privado e organização criminosa. Em 2018, foi condenado a seis anos de prisão por organização criminosa e esbulho. Com um recurso, conseguiu anular o primeiro crime e aguarda uma decisão sobre o segundo.
Em entrevista à Veja, ele disse que as denúncias fazem parte de uma estratégia para criminalizar o MST. “Nessa época, já estava sendo construída uma estratégia da direita para criar um ambiente para poder criminalizar a luta social. Fui uma das vítimas”, declarou.
Sobre as acusações do ex-coordenador financeiro do grupo, o petista, agora integrante do Ministério de Desenvolvimento Agrário, disse que se recorda “vagamente”. “Lembro desse episódio, porque fui chamado para evitar que o pior acontecesse. O pessoal estava indignado, porque tinha um problema de desvio de dinheiro e isso revoltou as famílias.”
Fonte: Revista Oeste
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