O ex-presidente se refere à decisão do militar de confessar supostos crimes sobre joias
O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de “camicase” a estratégia do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, de fazer acordo de delação premiada sobre o caso das joias. A declaração foi dada ao jornalista Túlio Amâncio, da Band.
A decisão de Cid de fazer uma confissão foi divulgada na quinta-feira 17 pela revista Veja. Segundo o advogado do militar, Cezar Bitencourt, Cid vai dizer que vendeu dois relógios de luxo recebidos por Bolsonaro em agendas oficiais, transferiu o dinheiro para o Brasil e entregou os valores em espécie ao ex-chefe do Executivo.
Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Amâncio relatou a conversa com Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente disse que, como Cid está preso há muito tempo, é capaz de falar qualquer coisa para sair da cadeia.
O jornalista também afirmou que o ex-presidente voltou a negar ter recebido qualquer valor em espécie de Cid e que não pediu para que os bens fossem vendidos. “Disse ainda que não falou com Cid pai depois da operação de sexta passada, pois ‘acabaria sendo acusado de interferência’”, escreveu o profissional. “[Bolsonaro] finalizou dizendo que essa estratégia do novo advogado de Cid é camicase.”
Segundo a Veja, os dois relógios teriam sido vendidos nos Estados Unidos por US$ 68 mil. Um dos objetos foi readquirido nos EUA por Frederick Wassef, um dos advogados do ex-presidente. Wassef afirma ter comprado o relógio para “cumprir a decisão do Tribunal de Contas da União”.
A reportagem afirma, ainda, que partiu de Cid a ideia de usar uma conta bancária em nome do próprio pai, general Mauro Lourena Cid, para receber os pagamentos pela venda das peças nos EUA. Inicialmente, o general teria resistido à ideia, mas, posteriormente, concordou em emprestar a conta para evitar que Cid viajasse ao Brasil com dinheiro vivo em mãos.
Segundo o advogado relatou à revista, a ideia de Cid é deixar claro à Justiça que “ajudantes de ordens apenas cumprem ordens”. No caso, a ordem seria de Bolsonaro. O militar está preso desde maio.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou na quinta-feira 17 a quebra de sigilo do ex-presidente e de sua mulher, Michelle Bolsonaro.
Fonte: Revista Oeste
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