Ex-PM reformado acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa teria delatado Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, como um dos mandantes do atentado que matou a vereadora e seu motorista em 2018.
Preso desde março de 2019, Ronnie Lessa fez um acordo de delação com a Polícia Federal (PF) na semana passado.
A delação de Lessa ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Brazão tem foro privilegiado por ser conselheiro do TCE-RJ.
Em entrevistas anteriores à imprensa, Domingos Brazão sempre negou qualquer participação no crime envolvendo a morte de Marielle.
Lessa foi condenado em julho de 2021 por destruir provas sobre o caso. O ex-PM, a mulher, o cunhado e dois amigos descartaram as armas do crime no mar.
Domingos Brazão sempre figurou entre os suspeitos do caso. Em 2019, ele chegou a ser acusado formalmente pela PGR de obstruir as investigações sobre o assassinato.
A principal hipótese para que Brazão ordenasse o atentado contra Marielle é vingança contra Marcelo Freixo.
Domingos Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das milícias, presidida por Marcelo Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.
Em maio de 2020, quando foi debatida a federalização do caso Marielle, a ministra do STJ, Laurita Vaz, informou que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público chegaram a trabalhar com a possibilidade de Brazão ter agido por vingança.
“Cogita-se a possibilidade de Brazão ter agido por vingança, considerando a intervenção do então deputado Marcelo Freixo nas ações movidas pelo Ministério Público Federal, que culminaram com seu afastamento do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro”, diz o relatório da ministra.
“Informações de inteligência aportaram no sentido de que se acreditou que a vereadora Marielle Franco estivesse engajada neste movimento contrário ao MDB, dada sua estreita proximidade com Marcelo Freixo”.
O advogado Márcio Palma, que representa Domingos Brazão, disse ao Intercept que não ficou sabendo dessa informação da delação de Lessa.
Palma ainda disse que tudo que sabe sobre o caso é pelo que acompanha pela imprensa, já que pediu acesso aos autos e foi negado, com a justificativa que Brazão não era investigado.
Fonte: Gazeta Brasil
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